terça-feira, 2 de junho de 2015

Cine-debate sobre Mujeres Libres




Nas primeiras décadas do século XX, o movimento anarquista e anarco-sindicalista espanhol constitui-se num vigoroso movimento de massas, colocando-se à frente de uma série de greves, atos, motins e insurreições, com o objetivo de preparar a classe operária para o processo revolucionário que daria fim ao capitalismo e ao Estado. Apesar de obter esta forte penetração no mundo operário, chegando a fundar sindicatos ( Confederación Nacional del Trabajo- CNT) e grupos específicos ( Federación Anarquista Ibérica – FAI) que contavam com milhões de trabalhadores e trabalhadoras, as questões de classe sobrepunham-se às questões de gênero de tal modo, que acabavam por aceitar e naturalizar a dupla  opressão, tanto de classe quanto de gênero, que as mulheres  sofriam  em relação aos homens, nos vários espaços em que estavam inseridas: casa, fábrica, sindicato e grupo específico, revelando que o machismo era algo que não se restringia  à burguesia, mas, que também encontrava-se profundamente enraizado no proletariado. Com o objetivo de reverter tal situação, grupos femininos que surgiram  em Madrid ( encabeçados por Lucía Sánchez Saornil, Amparo Poch y Gáscon e Mercedes Comaposada )  e em Barcelona ( encabeçados por Aurea Cuadrado, Pilar Grangel e Soledad Estorach)   em torno de 1934 e 1935, começam a discutir a necessidade da criação de uma organização feita por e para mulheres, com o objetivo de problematizar a especificidade da questão feminina, que não poderia mais ser reduzida à questão social, nos meios anarquistas. Como resultado direto deste acúmulo de experiências, em 1936 surgirá primeiramente a revista ( maio) e depois a organização ( agosto), Mujeres Libres, que desempenhará um papel fulcral durante a guerra civil e a revolução social desencadeada naquele país a partir de 19 de julho do mesmo ano. A partir da exibição do documentário “Indomables: uma historia de Mujeres Libres”, o presente cine-debate tem como objetivo apresentar e discutir a “dupla luta” levada a cabo por esta organização, que conseguiu mobilizar mais de vinte mil mulheres durante seus quase três anos de existência, com o objetivo de destruir tanto o capitalismo, quanto o machismo.

Referencias:

Ackelsberg, Martha . Free Women of Spain: Anarchism and the Struggle for the Emancipation of Women, AK Press:Oakland.2005.

FELIPE, Juan. Indomables: uma historia de Mujeres Libres. Zerikusia:Valencia,2012.

NASH,Mary. Rojas. Las mujeres republicanas en la Guerra Civil, Taurus, Madrid, 1999.

RAGO, Margareth.;BIAJOLI, Maria Clara Pivato.Mujeres Libres da Espanha: documentos da Revolução Espanhola. Rio de Janeiro: Achiamé, 2008.

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