quarta-feira, 27 de outubro de 2010

EIDOS INFO-ZINE # 25 ( EDIÇÃO ESPECIAL DE 10 ANOS)




EDITORIAL

“No princípio era o grito. Nós gritamos” John Holloway.

 Em meados de julho de 2000, Breno Geovane me convidou para confeccionarmos um informativo que abordasse assuntos que, em sua visão, não eram apresentados e, muito menos, discutidos no espaço editorial da(s) folha(s) que existia(m) e circulava(m) em Patos de Minas. Acreditávamos, talvez de uma maneira um tanto romântica é verdade, que poderíamos (e deveríamos) utilizar a nossa voz e pena para dizer e escrever a respeito daquilo que tanto nos incomodava na cidadela dos “Porto”, “Nascimento” e companhia (i)limitada. Foi então que o Eidos info-zine nasceu. Nasceu, portanto, de um grito, como diz John Holloway na epígrafe deste editorial. Um grito contra os “conluios políticos” existentes entre as famílias que se revezavam no poder; as “mazelas sociais” de uma estrutura econômica excludente e a “obrigatoriedade imposta pelos exércitos” para que os jovens se alistassem no serviço militar.
Em 2003, o volume de nosso grito diminui, pois Breno Geovane se viu obrigado a deixar o Eidos por motivos de estudos. Apenas em 2004, ele voltou a aumentar, uma vez que Daniel Pereira, Clarrise Russo e Thiago de Oliveira ouviram o meu grito e, assim, começamos a gritar juntos. Começamos a gritar juntos contra a mediocridade de um sistema educacional que forma “leitores analfabetos”; “o machismo dos homens” em relação às mulheres (e das mulheres em relação às mulheres também) e  “o pão e circo” oferecido pela indústria cultural capitalista. Em 2005, Ismael Carrilho e Fernanda Caroline se juntaram a nós e começamos a gritar contra o “encarceramento dos jovens rebeldes” e as tentativas de “disciplinarização dos trabalhadores” proposto pelo modelo toyotista de produção.
Em suma, gritamos contra tudo aquilo que sempre julgamos opressivo  em Patos, no Brasil e na Terra. Em 2008, quando pensei que o nosso grito já havia se calado de vez, já que a maioria dos companheiros não conseguia conciliar, mais, a sua atividade estudantil ou profissional com o Eidos, Fernanda Caroline me sugeriu, porque não voltamos a publicar o Eidos e começamos a gritar na Internet? Daí em diante, vocês já sabem o que aconteceu.
Lendo este editorial alguém pode exclamar: que ridículo! O grito que vocês exaltam é ridículo em um mundo marcado pelas experiências totalitárias (de direita e esquerda), dado o horror que elas encerram.
Assim como John Holloway, temos consciência disso. Pois, o nosso grito também sempre foi (e continua sendo) um grito de horror. Horror diante da constatação de que a humanidade pôde (e ainda pode) criar algo tão monstruoso quanto o nazismo e o estalinismo, o que nos impede de ter um otimismo ingênuo. Mas, se reduzimos o nosso grito a um grito de horror, então nunca iremos conseguir transcender a “amargura da história” e seremos, inexoravelmente, tragados pela depressão política. Por esse motivo, o nosso grito é, simultaneamente, de horror e de esperança, trocando em miúdos: é precisamente por causa do horror que, ainda, temos esperança.
Boa leitura e gritemos, juntos!

Thiago Lemos Silva

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